segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Bala de Côco


Bem, depois de muito Skype, MSN, Orkut e Wordpress, não me contentei apenas com o ‘’bom dia!’’ ou ‘’o que você almoçou hoje?’’. Eu queria hálito, cheiro de roupa bem lavada e, quem sabe, um trago de cigarro baforejado pro ar. E foi assim que aconteceu: depois de uma brecha eu comprei minhas passagens e em menos de 2 dias estava na cidade dela. Tomei um ônibus, levei pilha extra pras fotografias nas BR’s e fui. Levei três calças, uma dezena de camisetas e três pares de cuecas. Esqueci a escova de dentes e as meias. Chegando lá, senti o ar interiorano, que era muito mais úmido do que o de Cuiabá, passei por uma pracinha com aqueles famosos velhinhos jogando games de tabuleiro e um mercado chamado Leve Mais (o slogan dele era ‘’leve mais sem o bolso ficar leve’’. Horrível). Cheguei num hotel simpático, possuía um “hall” bacana, com poltronas à lá De Stjil, aromatizado com algum incenso gostoso – sem dar aquele ar de maconheiro – e tinha uma recepcionista morena, esguia e de cabelos bafafá que faria a Wanessa Da Mata chorar de amargura. Esquecia de um detalhe: 150 Km antes de chegar lá, liguei pra ela. Apreensivo, pensei no que ia dizer, porque acima de tudo isso era mais ou menos um encontro a longa distância, porém com um toque de loucura/aventura a mais adicionada. Ela atendeu no terceiro toque.

- Alô?
- Oi, adivinha? (Tsc...)
- Você chega que hoooras?
- Ok, daqui duas horas e pouco tô aí.

Ela já me conhecia. Maldito MSN. Maldito eu.

Ao chegar no hotel, arrumei minhas coisas, abri uma Schweppes Citrus e acendi um Marlboro Light. Que Delícia. Nem eu acreditava naquilo. Tomei um banho, liguei pra ela e depois de 40 minutos ali ela se encontrava. Ela estava de jeans surrado, camiseta branca da irmã de 8 anos estampada com a Piggy dos Mupets, Havaianas e cabelo preso por um hashi estilizado. Um aperto de mão puxado pra um abraço e um beijo sem querer na esquina do pescoço logo no primeiro ato de aproximação. Foi assim que foi. ‘’Você é mais baixo do que eu pensava!’’, ela disse. Eu só soltei ‘’você é mais cheirosa...”. E assim começou. Ela tinha lábios cor de chiclete e unhas cor de unha. Adorava aquilo. Eu tinha barba de duas semanas - porque sabia que era diferencial - e um perfume amadeirado. Daí pra frente eu descobri que artistas 70’s eram os melhores, espagueti à bolonhesa era piégas, Marcelo Camelo tinha aplicado um golpe de marketing, photoshop é um dom e que olhos puxados me ganham. Também aprendi que quando o suor embrenha os nossos cabelos, mas principalmente o dela, significa que a coisa tá boa. Que as nossas mãos, ao se apertarem reciprocamente, dá tanto prazer quanto um cafungo no pé do ouvido. Que loucura não tem nada a ver com peitar coisas inusitadas. Que pintou a ideia de me casar com alguém que eu mal sei qual é a banda favorita (desde que não seja Guns N’ Roses). Que ela eu não troco por ninguém, mas se ela me trocar eu não saberia dizer onde foi que errei. Pense bem, na maioria das vezes, o erro não é nosso.


Media Player: Nada Surf – Weightless

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Assista Outra Vez


Manhã fria. Ar denso. Tempo úmido, quase uma Amazônia. Sol coberto pela nublagem. Ontem você esteve aqui, a casa estava cheia, os cachorros estavam quietos - não bagunçavam os nossos ouvidos - o álcool parecia estar mais gelado do que de costume e você estava mais graciosa do que de costume. Básica, mas graciosa. Eu não gosto de admitir que esse nosso amor é semelhante a um conto de folhetim. É clichê. É piégas. Mas é. Me faz um cafuné, me roça a barba, me puxa pelos ombros. Me beija geladamente com gosto de cerveja. Me diz assim: ‘’coração, me dá um chamego’’.

Tarde de bobeira. Reinvento-me a cada vez que te encontro. Você de vestidinho piquet me deixa meio assim, descoordenado. É desleal o modo como você sorri enquanto arruma o cabelo, dizendo ‘’como tá calor hoje, né?’’. Né. E a temperatura muda quando me deparo com cenas como essa. Me pega pela mão e diz ‘’vamos dar uma volta agora’’. Uma volta aqui e ali, daí a gente se envolta.

Noite. Os carros iluminam as avenidas empoeiradas, as pessoas vestem sua melhor roupa e usam seu melhor perfume, pois hoje é dia disso (apesar de ser a mesma coisa a cada sete dias). O céu é negro com tons cereja de mudanças. A esquerda, eu, a direita, você. Nem me lembrei daquela diminuta que você tanto gosta, porque a gente já se delicia tanto com as maiores que, enfim, não faz muito sentido mudar o cardápio. Aliás, nada disso não faz muito sentido. Não pra mim. Pra você, talvez.

Atemporal. Manhã. Tarde. Noite. Se eu me esquivo é porque não vale o esforço de querer explicar-te os pormenores da nossa relação. Acredite. Não vale a pena.


Kick 1
Kick 2
Kick 3
Kick 4



Manhã. É hora de trabalhar.


Media Player: Every Time I die - Wanderlust

terça-feira, 20 de julho de 2010

saudade é não saber


A dor que dói mais, por Martha Medeiros

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

dica da @elisapoles, originalmente postado no don't touch my moleskine.

lindo e trágico.

Media Player: Macaco Bong - Vamodahmaisuma

segunda-feira, 28 de junho de 2010

3


Sabe o que aconteceu?

Aconteceu que derramei. Derramei não porque já não cabia mais, e sim, porque cansei de sustentar um copo mal cheio.
Aconteceu que escrevi tudo, mas fiquei injuriado de saber que tudo não passava de caneta, papel e suor.
Aconteceu que disse tudo que pensava, mas esqueci de mencionar que, de vez em quando, gosto de direcionar minhas intenções para a 1ª pessoa.
Aconteceu que já não te pego mais, por falta de musicalidade e inspiração. Você me encanta, mas já não sei como te cantar.
Aconteceu que entrelaço meus dedos como nós de uma rede pesqueira. Mal posso levantar minhas mãos para o céu, pois a fé que me anima não é a mesma que me faz caminhar. Mas enfim, ela existe.
Aconteceu que a miserável vontade de suprir minha necessidade, acaba me definhando mais do que o tempo permite, pois minhas mãos continuam atadas, e o melhor: sou imortal.

Acontece que, dentro de tantos acontecimentos, continuo com um copo meio cheio, umas escritas guardadas, uma opinião quase formada, um instrumento levemente tocado, uma fé quase inabalada e uma alma mal lavada.
Preciso de um sabão em pó especial para interiores e, talvez, algumas palavras.
Três me satisfazem.


As Tall As Lions - A Break, A Pause

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Matemática



Vamos a contabilidade desse dia maravilhoso:


Cachorro chutado* = - 5 pontos (x3)
Gastrite = - 5 pontos (x1)
Cigarro durante a semana = - 10 pontos (x2)
Desilusão* = - 7 pontos (x 1)
Ajuste salarial em stand by = - 1.000 pontos (x1)
Conversa produtiva = + 3 pontos (x1)
Cantada recebida = + 5 pontos (x1)
Doce de amendoim = + 7 pontos (x1)
_________________

TOTAL: - 1.032 pontos

*Os itens citados tem a mesma correlação, porém uma desilusão aumenta a probabilidade de você querer ingerir cianureto.




Media Player: Off

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

5:25

O ar parece que não cabe no peito
E falta ao mesmo tempo
Simples...

Media Player: Fink - If I Had A Million

sábado, 23 de janeiro de 2010

Pela madrugada

Me pegue assim, pela madrugada
Jogado: jogando de acordo com a linha do tempo
Aquele fio que se passa pelas nossas vidas
Foi embaraçado, assim como eu, embaraçado
Por aquele nó de marinheiro sem dó
Pego pela maresia
Doente pela extrema fria
Coincedentemente acabado pela tua covardia
Quebro, arrumo e nego
Tudo

Quero te ver pela manhã
Com cores de laranja e seus rabiscos
Mais que consumável além de seus ciscos
Cegam além do além...aquém
Me diz outra vez
Que seus passos não são que nem os meus

Pois não é possível
Eu sempre me entreguei por macro
Desde o impossível ao inimaginável
Não me diga que é besteira
Não me diga que o tempo consome
Não me diga que foram apenas flores

Dê apenas um esmero por fim
Pois finda-se meu tenro aplauso
Antes tragos que um mimo falho em ti
Me diga outra vez
O que tu esperas de mim?

Aplique apenas tua sinceridade
Nem que seja apenas nessas ruas
Ou melhor: na minha rua


[Manguaça detected]


Media Player: CMTN - Sinta Vontade de Ficar