quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Nuvens do Acalento

esse feixe prateado
que veste os olhos nos fins tardios
quão divino o aconchego
de por ora, um coração ex-vazio

se te desse o meu gosto
cada doce desse terno
na leva repentina do desgosto
sentir-se-ia o antônimo do inverno

com mãos cansadas na areia
faço bolas molhadas de pensamentos
e o mar, tenro como sempre
as torna únicas n'um prévio acalento

se te dissesse como seria
tuas lágrimas, tua alegria
tua boca, teu pescoço
me diz: o que mais tu farias?
além de olhos d'água e um abraço esperançoso

eu sei, me alimento
do que não condiz e do tormento
do arriscar, ganhar ou perder
quão veemente têm de ser as palavras
para crer sem mesmo ver?

eu vou com passos suaves
saudade sem nome e sem corpo
me deixo e te levo numa covardia enorme
mas te prometo moça: um dia desses, eu volto.


[tempo, qualidade e quantidade correm cada um pra um lado, mas em certas situações, caminham juntos sem perceber]

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